segunda-feira, 15 de abril de 2013

EDITORIAL - VENEZUELA, UMA DEMOCRACIA PARA INGLÊS VER


Nicolas Maduro foi eleito presidente da Venezuela. Sua votação chegou a 50,60% do total de votos. Em seu discurso de vitória, minutos depois da manifestação do Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, repetindo as palavras de ordem, os gestos e até a entonação de de seu líder político, Hugo Chávez, pediu paz e amor. Os mais inocentes, vendo o resultado do pleito e os dizeres do novo presidente, poderão ser enganados pela falsa sensação de que a Venezuela é um estado democrático.

Democracia é muito mais do que eleição. Eleição é apenas parte de um processo muito mais complicado, que envolve respeito a opinião alheia, liberdade individual, transparência, sistema jurídico independente e respeito a lei. É nisso que se constitui um Estado Democrático de Direito. Ao longo do regime chavista vimos a gradual destruição dos meios de comunicação independentes, a perseguição aos críticos, as intervenções políticas no poder judiciário e a adulteração de leis como meio de se perpetuar no poder. Haver eleições em meio a tamanho processo de destruição institucional e se contentar somente com isso para chamar o país de democrático é uma piada e um ultraje a qualquer um que pense direito e saiba de fato o que é democracia.

A Venezuela se encontra apenas em um estado um pouco mais avançado de destruição de sua democracia. No mesmo caminho estão o Equador, a Argentina, a Bolívia e o Brasil. Cada qual com sua realidade institucional mas todos no mesmo movimento: o de, por meio mudanças graduais e contínuas, solapar o regime democrático em vigor pelos próprios meios democráticos existentes.

Imaginar que um candidato de oposição venceria uma eleição em um país que até esses dias era administrado por um cadáver é coisa de tolo. Maduro venceu e só sairá do governo depois de podre.

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